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A língua portuguesa como ativo político:

Um mundo de oportunidades para

países lusófonos

“Falar português é pertencer a uma pátria virtual e universal”.

Em uma linguagem jornalística e psicossocial vibrante, Monica defende que uma estratégia universal de promoção do português pode render dividendos políticos e econômicos para Estados e cidadãos. Em quase 200 páginas, ela conduz o leitor a um mergulho nos mares da lusofonia viajando por suas raízes na África, nas Américas, na Ásia e na Europa. Para a autora, o Weltgeist da lusofonia, “o modo de ver o mundo em português” oferece mais-valia no sistema multilateral e nas novas relações de poder. Num estudo comparativo, a autora analisa ainda os casos da francofonia e da hispanofonia que transformaram suas respectivas línguas em plataformas bem-sucedidas de afirmação política. “Falar português é pertencer a uma pátria virtual e universal. A Língua Portuguesa oferece um mundo a ser navegado com curiosidade, propriedade e estratégia”, frisa Monica Villela Grayley

A obra baseia-se na pesquisa de doutorado da escritora sobre a internacionalização da Língua Portuguesa e as relações políticas e de poder entre os países lusófonos. Jornalista internacional há mais de três décadas, Monica Villela Grayley ouviu falantes, escritores e legisladores além de chefes de Estado e Governo, que lidaram com o tema num contexto macropolítico. Durante quatro anos, ela analisou declarações de Chefes de Estado e Governo dos países de Língua Portuguesa, entrevistou professores, cientistas sociais e escritores como o moçambicano Mia Couto, e o ex-presidente de Portugal, Jorge Sampaio, além de professores e diplomatas junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O Secretário-Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, afirma: “A obra de Monica Grayley enfatiza o papel agregador da língua portuguesa e relembra-nos as enormes potencialidades do nosso

idioma comum, enquanto língua de mobilidade, de cooperação, de cultura, de negócios, de produção científica; enquanto língua que permite a união de diferentes formas de ser, de estar, e ver o mundo. A autora convida-nos a aprofundar nossa reflexão sobre a forma como essas potencialidades devem ser exploradas e convertidas em verdadeiras oportunidades para todos os falantes da língua portuguesa.”

A obra é prefaciada pelo ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau e ex-secretário-executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira. Mia Couto, por exemplo, defendeu a proposta de ‘lusofonias’ ao lembrar que o espaço geográfico do português inclui dezenas de línguas locais e nacionais. “Observei e estudei casos de falantes nativos, pessoas que usam o português como língua de herança, como língua estrangeira, como língua segunda. Analisei a situação do português nas diásporas e como alguns pais, no exterior, se esforçam para que os filhos falem e escrevam na norma culta. Conheci também casos de formadores que desistem do esforço por falta de apoio pedagógico onde vivem”, salienta Monica Grayley.

A autora frisa que, no universo das línguas românicas mais faladas, o português é a única que ainda não tem um programa de promoção assumidamente estratégico. “Em termos de política da língua, a lusofonia ainda é vista bem atrás da francofonia e da hispanofonia, mas isso tem começado a mudar. Uma prova é a criação do Instituto Guimarães Rosa, no Brasil, e o crescimento consolidado do Instituto Camões, o maior instituto de língua portuguesa da lusofonia. Num esforço coletivo, este quadro pode ser revertido pelos Estados de Língua Portuguesa numa decisão que beneficiará a todos e ainda promoverá ativos culturais, econômicos e políticos de cada país , destaca.

Monica recorda os Planos de Ação endossados pela CPLP como o de Brasília, o de Lisboa e o de Díli. “Já temos o mapa de navegação. Agora é hora de estabelecer os portos de promoção em novas áreas e de fortalecer as ações de sucesso gerando uma execução estratégica com urgência”, complementa. A autoria introduz conceitos como commodity linguística e autoestima linguística para despertar o interesse de estados e cidadãos pela promoção do idioma.